Por Berna Almeida

crônicas -

Serão Apenas Lembraças


Milhares de Cuidadores perdidos sem entender para que lado devem seguir, o que devem fazer para que o mar se acalme, e que se consiga manter os remos nas mãos.

Mar bravio, entes queridos tensos e intensos em busca de uma resposta, de uma saída…

Aliás, não há mais saída, não é um vírus, é uma pandemia familiar para o resto da vida.


Famílias acometidas por demências nunca mais terão suas vidas equilibradas, se não procurarem entender seu meio, através de um ajuste, através de um equilíbrio, de um acerto emocional.

Alguém precisa ceder antes que 1 sujeito chamado Alzheimer assuma as rédeas da família deste barco desgovernado que desce rio abaixo.

É preciso que haja um envolvimento de todos, em prol daquela pessoa que nos fora confiada, a apenas CUIDAR.

Pessoas com demência não possuem discernimento, coerência, sensatez…


Alguém está de um dos lados… Gritos assustam os dois lados e ambos os ficam perdidos após suas ações.

De um lado o arrependimento pelos gritos, pela falta de paciência, pela impotência, enquanto o outro lado não consegue entender o que está ocorrendo.

Assim passam anos, um vidro transparente os separa

De qual lado o vidro embaça?

Daqui um tempo iremos lembrar que poderíamos escrever nossos nomes no vidro embaçado.

Vamos sentir saudades dos lamentos… Das idas e vindas… Das noites insones… Dos falatórios…

Daqui a pouco ninguém mais vai querer voltar para a casa de mamãe…

Não haverá mais nada a reclamar ou de se lembrar.

Daqui a pouco será apenas lembranças e cobranças do que deveríamos ter feito, e não fizemos.



Autoria: Berna Almeida